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Estudo do BCE alerta para o impacto dos riscos climáticos nas empresas

2021-10-13
BCE

A banca portuguesa parece começar a escutar os avisos de reguladores e supervisores financeiros sobre gestão de riscos climáticos e ambientais. Apesar de o nosso país ser um dos cinco da Europa do Sul que apresenta maiores vulnerabilidades nesta matéria, os bancos portugueses dão sinais de se estarem a apetrechar para enfrentar os testes de ‘stress’ do próximo ano do Banco Central Europeu (BCE), em que os riscos climáticos assumirão acrescida importância na ponderação do esforço de cada instituição bancária para efeitos de supervisão.

A primeira emissão de obrigações sustentáveis da banca nacional, colocada no passado mês de setembro pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), no montante de 500 milhões de euros, a seis anos e uma taxa final de 0,4%, é um primeiro sinal. Ato contínuo, o Banco Comercial Português propôs-se captar mais de 500 milhões de euros na sua primeira emissão de dívida sustentável. As duas emissões enquadram-se no financiamento de operações de crédito nos sectores do ambiente e social, no meio financeiro rotuladas de ESG (acrónimo, em inglês, para "Environmental, Social and Governance”).

Uma semana depois de a CGD ter concretizado, com sucesso, a primeira emissão de obrigações "verdes” da banca portuguesa, o BCE, em Frankfurt, divulgava os resultados dos testes de ‘stress’ climático que fez a cerca de 4 milhões de sociedades não-financeiras, por todo o mundo, e a 1.600 grupos bancários da Zona Euro, fazendo soar alguns alertas.

Nos países do Norte e do Centro da Europa, mais atingidos pelas cheias e pelo degelo, é a pegada carbónica que interfere mais na política de crédito às empresas e condiciona a gestão de risco dos bancos: entre 20% e 50% das empresas apresenta níveis de emissões de CO2 acima das metas desejáveis para esta altura, tendo em conta o Acordo de Paris de 2015. Em contraponto, e ao contrário do que acontece no Sul, onde habitualmente há mais calor, a exposição a riscos físicos elevados, como incêndios ou explosões, é de apenas de 5%.

Itália e Espanha são os países da Europa mediterrânica cujas empresas aparecem menos capazes de contrariar as alterações climáticas e, por isso, mais suscetíveis de sofrerem riscos físicos. É uma ameaça real e para levar a sério, que afeta entre 25% e a quase totalidade do tecido empresarial de países como Portugal, Espanha, Grécia, Chipre e Malta.

Por isso, sublinha o relatório do BCE sobre os resultados dos testes de ‘stress’ climático que antecedem os testes de esforço à banca europeia do próximo ano, as instituições bancárias da Zona Euro podem ser duramente atingidas se não tomarem medidas rapidamente em matéria de ambiente e alterações climáticas, dado o potencial de perdas, tanto nas carteiras de crédito, como na remuneração dos acionistas.

Entre nós, o Banco de Portugal (BdP), em abril passado, dirigiu uma carta circular aos operadores bancários e instituições de crédito sobre o assunto. Chamou a atenção para a publicação pelo BCE, em novembro do ano passado, de um "guia” sobre os riscos climáticos e ambientais, onde colaborou na sua elaboração, e deixou claro que "o diálogo de supervisão passará a integrar estas matérias a partir do segundo trimestre de 2022”.

Noutra frente, o BdP é membro da Rede para a Ecologização do Sistema Financeiro (NGFS - The Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System), que tem sido o interlocutor de muitos governos e da União Europeia em matéria de legislação e regulamentação, para que os riscos climáticos e ambientais não se transformem em fonte de risco sistémico, desestabilizando os mercados financeiros e afetando a economia real.

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