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União Europeia acelera a transição para uma Economia Circular
2025-05-23
A Comissão Europeia lançou um novo alerta: é urgente acelerar a transição para uma economia circular se a Europa quiser enfrentar com eficácia as três grandes crises planetárias — as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição. O relatório "Accelerating the Circular Economy in Europe", publicado recentemente, sublinha que a economia circular é uma das principais soluções estruturais para reduzir o impacto ambiental da atividade humana e garantir um futuro sustentável.
Com uma taxa de circularidade de 11,5% em 2022, a Europa lidera a reutilização de materiais a nível mundial, embora os progressos nos últimos anos tenham sido limitados. Isto significa que apenas pouco mais de um décimo dos recursos utilizados provêm de materiais reciclados. A maior parte da economia europeia continua ainda assente em modelos lineares de produção e consumo: extrair, produzir, utilizar e descartar.
O relatório destaca que os padrões atuais de produção e consumo continuam a exercer uma pressão insustentável sobre os recursos naturais, agravando a crise climática, a poluição e a degradação ambiental. A resposta da UE passa por quatro eixos fundamentais: reduzir o consumo total; promover o ecodesign e a produção eficiente em recursos; prolongar o tempo de vida dos produtos, através da reparação, reutilização e remanufactura e por último, mas não menos importante, reciclar os materiais no final do seu ciclo de vida.
Estas medidas estão alinhadas com os objetivos do Pacto Ecológico Europeu e com a Agenda 2030 das Nações Unidas, que apelam à proteção do planeta através de padrões sustentáveis de consumo e produção.
A Comissão sublinha ainda a importância de políticas que incentivem a reparação de bens, o desenvolvimento de modelos de economia partilhada e a criação de incentivos ao design ecológico. A transição não se limita à gestão de resíduos: é uma mudança estrutural na forma como se pensa, produz e consome.
Contudo, o relatório também aponta os riscos de efeitos de "rebound” — situações em que os ganhos ambientais obtidos com medidas circulares podem ser anulados por novos comportamentos de consumo que mantêm impactos elevados, como o aumento do uso de recursos noutras áreas.
Neste contexto, o programa InvestEUsurge como um instrumento financeiro essencial para operacionalizar esta transição. Através da vertente de Investimento Sustentável, o InvestEU apoia projetos que promovem a circularidade, a eficiência energética, a inovação ecológica e a reconversão industrial com impacto ambiental positivo. Ao mobilizar investimentos públicos e privados, o InvestEU contribui diretamente para acelerar modelos de negócio circulares, especialmente em setores como a construção, o têxtil, os plásticos e os resíduos eletrónicos.
A economia circular é, segundo a Comissão Europeia, uma peça central da estratégia para alcançar a neutralidade carbónica e construir uma sociedade mais justa, próspera e resiliente. Mas para que a transformação seja real, será necessário reforçar políticas públicas, mobilizar investimentos — como os que o InvestEU viabilizados pela Garantia Mútua promove — e alterar profundamente os hábitos de empresas e consumidores.